quarta-feira, junho 13, 2007

Mais uma do serviço público

Parece que toda vez que eu vou no poupatempo, eu vejo alguma coisa digna de um post.

Esses dias passei lá para tirar minha Carteira de Trabalho, isso mesmo, agora já sou um cidadão trabalhador. To me sentindo tão adulto... Mas isso não vem ao caso. O fato é que eu peguei uma senhora fila por lá, pois a fila é a mesma pra tudo quanto é serviço na parte da secretária do trabalho: Seguro-desemprego, qualquer via de carteira de trabalho, programa primeiro emprego etc etc etc.

Mas tem um coisa especial que funciona por lá, é o Programa de assistência ao Portador de Deficiência (Padef). Não sei exatamente como funciona o maldito programa, mas sei que tinha um indivíduo numa cedeira de rodas querendo participar dele.

Atendente (vou chamar de A): O senhor trouxe todos os documentos?
Deficiente (que vou chamar de D): Ta tudo aqui.
A: Senhor, está faltando um comprovante médico de que o senhor é portador de deficiência.
D: Precisa? Eu to numa cadeira de rodas, caso você não tenha percebido.
A: Desculpa senhor, mas você deve compreender. Já tentaram dar golpe diversas vezes.
D: Tudo bem um senhor de óculos escuros falar que é cego, ou um cara se fazer de louco e falar que é deficiente mental. Mas eu to numa MALDITA CADEIRA DE RODAS.
A: Acalme-se senhor. As vezes existe cura...
(adoro atendente querendo pagar de boazinho e dando uma idiota)
D: Cura?! (Nesse momento até eu me assustei, ele levanta o pano que cobria sua parte inferior e mostra que na verdade não tem parte inferior...) Eu não tenho as porras das minhas pernas!! (Levanta o coto e balança) Ta vendo isso?! Não? Exatamente, porque não tem nada pra ver! NÃO TEM NADA!

Esse momento é aquele que todo mundo fica sem graça. Sabe quando aquele tio aparece no meio da reunião de família e fala que é gay? Ninguém sabe o que dizer, não sabe se defende o cara por ter se assumido ou o pai que está prestes a esganar o filho. Mas deixe-me voltar a história.

A: Me desculpa, senhor. Mas é protocolo, precisa do comprovante.
D: Minha querida (e aqui começa a intimidade de duas pessoas que nunca se viram). Imagina a cena, uma pessoa sem as pernas chega num médico e pede comprovante de que não tem as pernas. Até eu, se fosse o médico, começaria a gargalhar.
A: Mas e se depois o senhor aparece andando, sou eu que me ferro.
D: (Altamente irônico, adorei) Fica tranqüila minha filha, meu remédio pra crescer as pernas não está funcionando.
A:...
D: Se minha perna crescer eu vo da um chute na bunda do cara que criou essa regra de comprovante. Vamos moça! Me vê logo essa senha! Eu preciso "dar um pulo" no banheiro.
A: Tudo bem, senhor. Espere essa senha, que dentro de 5 minutinhos o senhor será chamado.
D: 1092? Mas tá no 1050! Tem 42 deficientes na minha frente? Se demorar 5 minutos, eu juro que minhas pernas crescem de novo!


(Não mais o vi, mas considerando o serviço público brasileiro, aposto que as pernas dele não cresceram. Isso porque ele era deficiente e tinha preferência...)

Um comentário:

Anônimo disse...

E digo mais: "Relaxa e goza, D!"

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