Pra quem não sabe, eu trabalho numa ONG, naquele sistema de imersão absoluta: 3 vezes poe semana (quando não tenho processo seletivo), 4 horas por dia durante a tarde. Dentre as minhas funções, estava a de checar um mailing com cerca de mil linhas.
Não foi incomum encontrar dois lugares com endereços diferentes e CEPs iguais, telfones iguais , confusão de mantenedoras e abrigos, dois endereços pro mesmo lugar, telefones com prefixo de 2 digitos e etc. Sempre que essas ou situações similares aconteciam, eu deveria ligar para o lugar para atualizar o mailing.
Eu tenho a teoria que nenhum lugar que faz coisa de graça, faz coisa bem. Provei minha tese algumas dezenas de vezes essa semana.
O CMDCA da Freguesia do Ó e do Jaçanã tão com o mesmo número. Liguei pra conferir.
"Alô! É do CMDCA do Jaçanã?"
"Não, aqui é o CDMCA do Morumbi"
(anoto que o número é do Morumbi)
"Você pode me dar o número do Jaçanã?"
"Sim! É XYXY-XYXY"
"Obrigado"
(disca XYXY-XYXY)
"Alô! É do CMDCA do Jaçanã?"
"Não, aqui é o CMDCA da Moóca"
(Anoto que o número é da Moóca)
"Você pode me dizer o número do Jaçanã?"
"Sim! É ABAB-ABAB"
"Obrigado"
(Disca ABAB-ABAB)
"Alô! É do CMDCA do Jaçanã?"
"Então, o CMDCA do Jaçanã não existe mais, agora é junto com o CMDCA de Santo Amaro"
"Mas Santo Amaro é do outro lado da cidade!!"
"Ordens da prefeitura"
"Sei... Você pode me dar o telefone do CMDCA de Santo Amaro, por favor?"
"Claro! É PQPQ-PQPQ"
"Obrigado"
(Disca PQPQ-PQPQ, atende uma voz familiar)
"CMDCA morumbi, telefone dois, em que posso ajuda-lo?"
"Pode mandar a prefeitura prefeitura tomar no **, por favor!"
Mais tarde tive que confirmar informações de alguns abrigos.
*Modifiquei o nome dos abrigos para não ter problema, mas os nomes costumam ser nomes de gente ou nomes bobos mesmo, parecendo nomes indígenas de filmes de hollywood. Modifiquei também o nome do programa
"Alô! É do Abrigo Lua Crescente?"
"Sim"
"Meu nome é Guará. Eu sou do Programa Acolhimento. Estou checando nosso banco de dados, você poderia confirmar o endereço do abrigo, por favor"
"Qual abrigo?"
("O abrigo Minaídi. Minaídi Ota" - Pensei)
"Do abrigo Lua Crescente"
"Olha moço, eu não sei. Sou nova aqui."
"Você sabe pelo menos o nome da Rua?"
"Não"
"Nossa! Como você vai trabalhar então?"
"De trem"
(Desliguei o telefone)
(Liguei pra outro abrigo - atende uma voz gravada)
"Você ligou para o Abrigo Bush Hussein. Isso é uma secretária eletrônica. Por favor não deixe recado. Nós NÃO vamos ouvir. Ligue depois. Obrigado"
(Desligo rindo - ligo de novo - deixo uma mensagem de 3 minutos - ligo pra outro abrigo)
"É do abrigo José Pereira?"
"Não, aqui é do abrigo José Pereirinha, o número do José Pereira é WZWZ-WZWZ."
"Obrigado"
(Disco WZWZ-WZWZ - Atende a mesma mulher)
"Você não disse que aquele telefone era do José Pereira?"
"Sim. Mas cai tudo aqui na central comigo, inclusive do José Pereirão"
"Mas porque você ja não me atendeu na outra ligação então"
"Organização"
"Vocês precisam rever seus modelos de organização eficiente"
"Você ja pensou se fosse tudo um telefone só?"
"Realmente, um absurdo! Ia cair tudo no mesmo lugar!"
Por fim o que mais me impressionou do dia. Também um abrigo.
"Alô! É do Abrigo Visão Matinal?"
"É da Receita?
"Não"
"É do Conselho Tutelar?
"Não"
"É da Vara da Infância?"
"Não"
"É do Juizado?"
"Não"
"Então é aqui mesmo."
Depois reclamam da falta de recursos...
sexta-feira, setembro 29, 2006
sexta-feira, setembro 22, 2006
Sobre o aniversário da Mila parte II - O retorno que nunca farei a aquele lugar
Dica do post número 1:
Não confie em aniversariantes. Ele farão de tudo pra você ir à festa deles... Tudo mesmo...
"Vi, é pertinho da Estação Parada Inglesa"
"'Pertinho' quanto Mila"
"Muito pertinho"
Dez e meia da noite e la fui eu pro aniversário da Mila. Sozinho, o Caramuru não quis se arriscar sem a AR-15 dele e não queria usar U$2500 pra comprar uma, pois ele está juntando pra comprar um Vectra novo.
Oito reais, táxi até a estação Marechal Deodoro. 30 minutos de metrô até a Parada Inglesa. Até aí tudo bem, só aquele cheiro de humanidade característico do metrô paulistano, dois bebados vomitando dentro do vagão, um sanfoneiro e o fato de que o vagão estava quase completamente vazio 2 estações antes da Parada Inglesa, não os culpo, se eu pudesse também não estaria ali.
Já na estação, pensei que minha sorte havia mudado, a saída da estação era bem na avenida da balada, fantástico.
Dica do post número 2:
Tudo que parece fácil na Zona Norte é no mínimo três vezes mais difícil que é. (Leia a regra 4 do Conselho Inconstante)
Desci para a Rua (sim, na Zona Norte o metrô passa por cima da terra, se alguém mais acha que isso é uma aberração e uma contradição, junte-se ao clube) e tentei deduzir para que lado seguir. 'Deduzir' porque não havia casas numeradas lá, perto do metrô não havia nem 'casas'. Lógico que a iluminação era precária e estava chovendo, que graça teria se não fosse emocionante? Lei de Murphy, fui para o lado errado, só percebi uns 200 metros depois, quando achei uma casa com o número de 1900. "Que bom! Só tenho que voltar um km até o número 998 onde é a balada. Na chuva, no escuro e pior de tudo, na Zona Norte".
Bom, seguindo pro lado certo da avenida, passei por uma praça de uns 300 metros de comprimento. Lá pelo meio da praça tive a brilhante idéia de olhar pra trás.
Pouca gente sabe, mas quando eu to sozinho e nervoso, eu puxo papo comigo mesmo pra aliviar a tensão, o médico diz que esquizofrenia, mas isso dá muita discussão comigo mesmo. Enfim, voltando a história, resolvi olhar pra trás e ter uma conversa comigo mesmo.
"Tô achando aquele cara suspeito"
"Qual deles?"
"O que tá com uma silver tape numa mão e uma faca na outra, na frente do cara com uniforme de presidiário e atrás do homem carregando uma mulher nos ombros."
"Deixa de ser burro! É só a população local!"
"Ah... Desculpa"
"Em todo caso, corre até o próximo quarteirão porque... erh... a chuva ta engrossando!"
Achei um Habib's, imaginei que teria um restaurante árabe perto do lugar com a maior concentração de terroristas de São Paulo. Perguntei que número eu estava no Habib's (não tinha escrito) e já estava a uns 200 metros só. Mas esse final foi tranquilo, eu admito, alguns bares e algumas baladas, nada comparável à Vila Olimpia, mas bem acima do que eu esperava do lugar.
Encontrar a Mila na balada, não foi difícil, ela só estava no extremo oposto da entrada, fácil de achar. Mais gente conhecida do que eu esperava, inclusive uma amiga (Raquel) minha que NUNCA sai com a gente, isolada no canto e quieta, até eu chegar lógico, porque eu não deixo amigo meu assim em festa nunca, nem quando a balada é um porre.
Dica do post número 3:
Vou resumir a festa em alguns fatos, senão vai ficar um porre pra ler esse post.
Fato 1 - piada 'infamíssima' do Catraca e por isso mesmo engraçada na hora:
Eu: "Na austrália tem muito Suiço, muito mesmo. Lá eu tropeçava em Suiço"
Catraca: "Assim você comete um 'suicídio'!
Fato 2 - Eu e o Catraca achando que mandamos em alguma coisa:
Mila: "Catraca, você nem me deu pr....."
Catraca: "Silêncio! Fica Quieta!"
Eu: "Macho alfa falando! Fica quieta!"
Mila: ¬¬
Eu: "Agora escuta!"
Catraca: "É.... Pronto pode falar!"
Mila: "Filha da......."
Fato 3 - A irmã da Raquel pagando 4 baladas na mesma noite:
23h30
Eu: "Sua irmã entrou aqui só pra te deixar, foi para outra balada, vai entrar aqui de novo pra te buscar e ainda vai pra outro lugar depois?"
Raquel: "Pois é!"
Eu: "Ela tá podendo"
Raquel: "Ela tá com um casal de amigos milionários"
Eu: "Ela ta podendo MESMO"
00h30
Raquel: "Minha irmã ta vindo pra gente ir!"
Eu: "Já vai pra quarta balada dela?!"
Raquel: "Acho que ela desencanou da última..."
Eu: "Por que?! O que são 50 reais a mais, 50 reais a menos? Fala pro casal lá que eu topo triângulo fácil!"
Raquel: "Aff meu!" (BEEEEEMM Paulistana essa frase...)
Eu: "A mulher pelo menos é bonita?"
Fato 4 - Aryana, Lê, Aninha e o namorado bebados
Lê: "Pra que time você torce: Palmeiras, Corinthians ou PSDB?"
(...)
Ary: "Eu tomei (conta nos dedos, aponta pros cinco dedos e mostra três) três tequilas só. Essa é minha quinta!"
(... depois da Aninha ter 'chamado o hugo')
Aninha: "Você ainda me ama?"
Namorado: "Sim, eu te beijo até vomitando"
Aninha: "Que nojo, amor!"
Namorado: "Viu? Até nisso a gente concorda!"
Fato 5 - Ary perde a comanda e fica até a balada quase fechar pra poder sair.
É isso. Voltei de táxi, nada demais, só vi um carro acidentado e dois assaltos, nada incomum na 'Zona Morte'...
PS: O aniversário em paraisópolis ta de pé! Alguém quer ir?
Não confie em aniversariantes. Ele farão de tudo pra você ir à festa deles... Tudo mesmo...
"Vi, é pertinho da Estação Parada Inglesa"
"'Pertinho' quanto Mila"
"Muito pertinho"
Dez e meia da noite e la fui eu pro aniversário da Mila. Sozinho, o Caramuru não quis se arriscar sem a AR-15 dele e não queria usar U$2500 pra comprar uma, pois ele está juntando pra comprar um Vectra novo.
Oito reais, táxi até a estação Marechal Deodoro. 30 minutos de metrô até a Parada Inglesa. Até aí tudo bem, só aquele cheiro de humanidade característico do metrô paulistano, dois bebados vomitando dentro do vagão, um sanfoneiro e o fato de que o vagão estava quase completamente vazio 2 estações antes da Parada Inglesa, não os culpo, se eu pudesse também não estaria ali.
Já na estação, pensei que minha sorte havia mudado, a saída da estação era bem na avenida da balada, fantástico.
Dica do post número 2:
Tudo que parece fácil na Zona Norte é no mínimo três vezes mais difícil que é. (Leia a regra 4 do Conselho Inconstante)
Desci para a Rua (sim, na Zona Norte o metrô passa por cima da terra, se alguém mais acha que isso é uma aberração e uma contradição, junte-se ao clube) e tentei deduzir para que lado seguir. 'Deduzir' porque não havia casas numeradas lá, perto do metrô não havia nem 'casas'. Lógico que a iluminação era precária e estava chovendo, que graça teria se não fosse emocionante? Lei de Murphy, fui para o lado errado, só percebi uns 200 metros depois, quando achei uma casa com o número de 1900. "Que bom! Só tenho que voltar um km até o número 998 onde é a balada. Na chuva, no escuro e pior de tudo, na Zona Norte".
Bom, seguindo pro lado certo da avenida, passei por uma praça de uns 300 metros de comprimento. Lá pelo meio da praça tive a brilhante idéia de olhar pra trás.
Pouca gente sabe, mas quando eu to sozinho e nervoso, eu puxo papo comigo mesmo pra aliviar a tensão, o médico diz que esquizofrenia, mas isso dá muita discussão comigo mesmo. Enfim, voltando a história, resolvi olhar pra trás e ter uma conversa comigo mesmo.
"Tô achando aquele cara suspeito"
"Qual deles?"
"O que tá com uma silver tape numa mão e uma faca na outra, na frente do cara com uniforme de presidiário e atrás do homem carregando uma mulher nos ombros."
"Deixa de ser burro! É só a população local!"
"Ah... Desculpa"
"Em todo caso, corre até o próximo quarteirão porque... erh... a chuva ta engrossando!"
Achei um Habib's, imaginei que teria um restaurante árabe perto do lugar com a maior concentração de terroristas de São Paulo. Perguntei que número eu estava no Habib's (não tinha escrito) e já estava a uns 200 metros só. Mas esse final foi tranquilo, eu admito, alguns bares e algumas baladas, nada comparável à Vila Olimpia, mas bem acima do que eu esperava do lugar.
Encontrar a Mila na balada, não foi difícil, ela só estava no extremo oposto da entrada, fácil de achar. Mais gente conhecida do que eu esperava, inclusive uma amiga (Raquel) minha que NUNCA sai com a gente, isolada no canto e quieta, até eu chegar lógico, porque eu não deixo amigo meu assim em festa nunca, nem quando a balada é um porre.
Dica do post número 3:
Vou resumir a festa em alguns fatos, senão vai ficar um porre pra ler esse post.
Fato 1 - piada 'infamíssima' do Catraca e por isso mesmo engraçada na hora:
Eu: "Na austrália tem muito Suiço, muito mesmo. Lá eu tropeçava em Suiço"
Catraca: "Assim você comete um 'suicídio'!
Fato 2 - Eu e o Catraca achando que mandamos em alguma coisa:
Mila: "Catraca, você nem me deu pr....."
Catraca: "Silêncio! Fica Quieta!"
Eu: "Macho alfa falando! Fica quieta!"
Mila: ¬¬
Eu: "Agora escuta!"
Catraca: "É.... Pronto pode falar!"
Mila: "Filha da......."
Fato 3 - A irmã da Raquel pagando 4 baladas na mesma noite:
23h30
Eu: "Sua irmã entrou aqui só pra te deixar, foi para outra balada, vai entrar aqui de novo pra te buscar e ainda vai pra outro lugar depois?"
Raquel: "Pois é!"
Eu: "Ela tá podendo"
Raquel: "Ela tá com um casal de amigos milionários"
Eu: "Ela ta podendo MESMO"
00h30
Raquel: "Minha irmã ta vindo pra gente ir!"
Eu: "Já vai pra quarta balada dela?!"
Raquel: "Acho que ela desencanou da última..."
Eu: "Por que?! O que são 50 reais a mais, 50 reais a menos? Fala pro casal lá que eu topo triângulo fácil!"
Raquel: "Aff meu!" (BEEEEEMM Paulistana essa frase...)
Eu: "A mulher pelo menos é bonita?"
Fato 4 - Aryana, Lê, Aninha e o namorado bebados
Lê: "Pra que time você torce: Palmeiras, Corinthians ou PSDB?"
(...)
Ary: "Eu tomei (conta nos dedos, aponta pros cinco dedos e mostra três) três tequilas só. Essa é minha quinta!"
(... depois da Aninha ter 'chamado o hugo')
Aninha: "Você ainda me ama?"
Namorado: "Sim, eu te beijo até vomitando"
Aninha: "Que nojo, amor!"
Namorado: "Viu? Até nisso a gente concorda!"
Fato 5 - Ary perde a comanda e fica até a balada quase fechar pra poder sair.
É isso. Voltei de táxi, nada demais, só vi um carro acidentado e dois assaltos, nada incomum na 'Zona Morte'...
PS: O aniversário em paraisópolis ta de pé! Alguém quer ir?
sexta-feira, setembro 15, 2006
Sobre o Aníversário da Mila
Conversa no msn, convidando o Caramuru para o aniversário da Mila.
Guará:
A Mila mandou te chamar pro níver dela
Caramuru:
Quando? Onde?
Guará:
Na ZN, num lugar chamado Taberna, sabadão.
Caramuru:
Blz. Como você vai?
Guará:
Eu ia até Santana e depois pegava carona com uma amiga minha. Mas se eu for com vc não vai rolar mesmo.
Caramuru:
Ai a gnt vai como?
Guará:
Metro Parada Inglesa, de lá a gnt vai a pé.
Caramuru:
Você conhece a região.
Guará:
Conheço tão bem quanto a Moóca!!
Caramuru:
Você conhece a Moóca?
Guará:
Não.
Caramuru:
Foi o que imaginei.
E o que de inglês tem a Parada Inglesa?
Guará:
O nome.
Caramuru:
Fora o nome.
Guará:
Os vagões do trem.
Caramuru:
Que são espanhóis.
Guará:
Então o nome.
Porque parece mais o Zimbábue.
Caramuru:
Sequestro, estupro, assalto... Não são mto comuns por lá né?
Guará:
Cara. Zona Norte....
Caramuru:
Porra! E a gnt vai pra lá a noite!
Guará:
Faz parte.
A Mila ja deve ter um acordo com os kras lá.
Aliás, tava pensando em fazer meu niver em Paraisópolis.
Qq c acha?
Caramuru:
Genial! Você leva a doze e eu levo a AR-15.
Guará:
Calma kra.
Primeiro o que vem antes.
Tem o niver da Mila.
Caramuru:
Porra.
Minha AR-15 ta emprestada!
Como vou conseguir pega-la até o fds?
Guará:
Compra no Ebay. U$2500 - uma pechincha.
Caramuru:
Tudo se compra no Ebay...
Guará:
Sério? Ja vo comprando o terreno em Paraisópolis...
E uma loira de 20 anos gostosa...
Guará:
A Mila mandou te chamar pro níver dela
Caramuru:
Quando? Onde?
Guará:
Na ZN, num lugar chamado Taberna, sabadão.
Caramuru:
Blz. Como você vai?
Guará:
Eu ia até Santana e depois pegava carona com uma amiga minha. Mas se eu for com vc não vai rolar mesmo.
Caramuru:
Ai a gnt vai como?
Guará:
Metro Parada Inglesa, de lá a gnt vai a pé.
Caramuru:
Você conhece a região.
Guará:
Conheço tão bem quanto a Moóca!!
Caramuru:
Você conhece a Moóca?
Guará:
Não.
Caramuru:
Foi o que imaginei.
E o que de inglês tem a Parada Inglesa?
Guará:
O nome.
Caramuru:
Fora o nome.
Guará:
Os vagões do trem.
Caramuru:
Que são espanhóis.
Guará:
Então o nome.
Porque parece mais o Zimbábue.
Caramuru:
Sequestro, estupro, assalto... Não são mto comuns por lá né?
Guará:
Cara. Zona Norte....
Caramuru:
Porra! E a gnt vai pra lá a noite!
Guará:
Faz parte.
A Mila ja deve ter um acordo com os kras lá.
Aliás, tava pensando em fazer meu niver em Paraisópolis.
Qq c acha?
Caramuru:
Genial! Você leva a doze e eu levo a AR-15.
Guará:
Calma kra.
Primeiro o que vem antes.
Tem o niver da Mila.
Caramuru:
Porra.
Minha AR-15 ta emprestada!
Como vou conseguir pega-la até o fds?
Guará:
Compra no Ebay. U$2500 - uma pechincha.
Caramuru:
Tudo se compra no Ebay...
Guará:
Sério? Ja vo comprando o terreno em Paraisópolis...
E uma loira de 20 anos gostosa...
segunda-feira, setembro 11, 2006
Top 10 - Coisas que odeio
10- Radicais religiosos.
Nada como ser israelita e acordar com o som de uma bomba no apartamento vizinho.
Ou assistir record ou band de madrugada e ver uma pessoa curando AIDS, câncer, paraplegia, cegueira, surdez, 'furunco' e até gripé (não adianta, ainda não acredito na cura da gripe).
Ou ouvir um padre falando que você vai para o inferno porque transou sem camisinha.
É inspirador. Faz minha fé ir às alturas.
9- Pessoas que respondem "hmmmm" no msn, independente do que você tenha escrito.
Isso lá é resposta? Tá pensando, não coloca no msn, o pensamento é individual, mesmo porque como eu vou saber o que raios "hmmm" quer dizer?
8- Arraias (ou Raias, como preferir)
Mataram Steve Irwin. Nada mais a acrescentar.
7- Lemas políticos idiotas.
Alguém realmente acha "Peroba neles!" um motivo para se votar num candidato?
Todos tentam copiar o mestre:
6- Interruptores que ficam no fio do abajur.
Alguém não entende a utilidade do fio ou não teria criado isso.
Ainda bem que ainda não criaram isso pra TV...
5- Spam
Acho que nem precisa falar. Até os spammers devem odiar o spam.
4- Telemarketing
Nada pior do que o spam versão telefone.
3- Abelhas
Um dia eu conto o trauma aqui. Digamos que eu odeio, tenho repulsa, ódio, asco e revolta desses bichos. Morram todas!
2- Consciência política do Brasil
Nós temos um presidente que é ignorante (não sabe de nada) ou mentiroso (diz que não sabe de nada).
E ele vai ser reeleito.
1- Professoras mal-comidas, professores que pensam que são os únicos, professores que se acham o último açaí da academia e todo tipo de escória acadêmica.
Quem diz que não conheceu um desses está mentindo.
Eu pego uns 4 todo semestre. O primeiro tipo é o pior.
Preciso desabar:
Letícia FDP, vaca, vadia e puta .
Ah... Nada como um pouco de falso contentamento para terminar um post.
Nada como ser israelita e acordar com o som de uma bomba no apartamento vizinho.
Ou assistir record ou band de madrugada e ver uma pessoa curando AIDS, câncer, paraplegia, cegueira, surdez, 'furunco' e até gripé (não adianta, ainda não acredito na cura da gripe).
Ou ouvir um padre falando que você vai para o inferno porque transou sem camisinha.
É inspirador. Faz minha fé ir às alturas.
9- Pessoas que respondem "hmmmm" no msn, independente do que você tenha escrito.
Isso lá é resposta? Tá pensando, não coloca no msn, o pensamento é individual, mesmo porque como eu vou saber o que raios "hmmm" quer dizer?
8- Arraias (ou Raias, como preferir)
Mataram Steve Irwin. Nada mais a acrescentar.
7- Lemas políticos idiotas.
Alguém realmente acha "Peroba neles!" um motivo para se votar num candidato?
Todos tentam copiar o mestre:
Alguém não entende a utilidade do fio ou não teria criado isso.
Ainda bem que ainda não criaram isso pra TV...
5- Spam
Acho que nem precisa falar. Até os spammers devem odiar o spam.
4- Telemarketing
Nada pior do que o spam versão telefone.
3- Abelhas
Um dia eu conto o trauma aqui. Digamos que eu odeio, tenho repulsa, ódio, asco e revolta desses bichos. Morram todas!
2- Consciência política do Brasil
Nós temos um presidente que é ignorante (não sabe de nada) ou mentiroso (diz que não sabe de nada).
E ele vai ser reeleito.
1- Professoras mal-comidas, professores que pensam que são os únicos, professores que se acham o último açaí da academia e todo tipo de escória acadêmica.
Quem diz que não conheceu um desses está mentindo.
Eu pego uns 4 todo semestre. O primeiro tipo é o pior.
Preciso desabar:
Letícia FDP, vaca, vadia e puta .
Ah... Nada como um pouco de falso contentamento para terminar um post.
domingo, setembro 10, 2006
Porque eu morreria se morasse sozinho - Parte 1 - Na Cozinha
Alguns meses antes da minha primeira (e única) viagem em que eu ficaria sozinho por um longo período de tempo, minha mãe teve a brilhante idéia de pedir para minha empregada auxiliar de afazeres domésticos me dar algumas lições de culinária.
Digamos que a não é a tarefa mais premiada que ela faz, mas comparado com a minha habilidade ela é praticamente um Jamie Oliver de saias, ou melhor, de calças largas e usadas...
Apresento um resumo do curso de culinária da dona França em apenas 4 aulas (apelido dela, nada a ver com o país, o nome dela é Francimar... podem rir agora....) :
Aula 1 - Arroz
(...)
"Isso... Esquenta a água...pega a salsinha"
"França... erh... Qual é a salsinha?"
"É a que ta do lado do agrião"
"Erh...Qual é o agrião?"
"É esse aqui" (aponta pro agrião)
"Ta aqui a salsinha"
"Agora pega o sazon"
"Esquece, França!"
Aula 2 - Feijão
(...)
"A idéia é a mesma do arroz: água, tempero..."
"Ótimo! Pula o tempero, vai direto pro feijão na água"
"Mas ai pula toda parte legal!"
"Ah... tem parte legal...."
Aula 3 - Ovo frito
(...)
"Cuidado ao quebrar o ovo ou você pode esparrama-lo"
(...)
"Cuidado ao colocar o ovo ou você pode se queimar"
(...)
"Cuidado ao fritar o ovo ou você pode deixar a gema dura demais"
(...)
"Cuidado ao tirar o ovo ou ele pode se desfazer"
"França, tem alguma parte não-perigosa no processo de fritura do ovo?"
"Não"
"Quantas habilitações você precisa para fritar um ovo?"
"Menos do que pra um bife"
Aula 4 - Bife
(...)
"SOCORRO! CHAMEM OS BOMBEIROS! É UM INCÊNDIO!"
"Eu avisei...."
segunda-feira, setembro 04, 2006
Dê 1 real. Dê 5 reais. Dê 20 reais! Mas não dê intimidade...
(Para manter a minha integridade física, não citarei nomes verdadeiros neste post. Também mudei um pouco os problemas do confidente 2)
Uma pessoa sempre tem alguns amigos especiais, daqueles que você conta seus segredos e podres (e geralmente espera ouvir os do amigo em retorno, só como garantia...) e espera ouvir conselhos, mesmo que sejam inúteis e óbvios, como são 98,7% das vezes!
Eu tenho 2. Tinha 3, mas uma amiga minha resolveu se esconder no mato, mas isso é história para outro dia.
Eles são humanos (eu acho, mas as vezes eu fico em dúvida) e têm defeitos. Mas lógico que os MEUS são escolhidos a dedo para terem defeitos mais absurdos para um confidente.
Um deles, o Adamastor, tem a mania de esquecer e misturar o que é segredo e o que é público. Especialmente quando está bêbado. Como ele é um rapaz, digamos, boêmio, isso pode ser um problema.
Cena 1 - Bar:
(outro amigo meu terminando uma história)
"... ai ela me deu um fora só porque eu demorei a avançar"
(Adamastor ri e começa)
"Você se saiu bem cara, uma mina deu fora no Guará porque um gay tava dando em cima dele na balada e ela achou que ele fosse gay também"
(Galera ri assustadoramente, eu dô uma risada forçada)
"Pô Adamastor, não era pra espalhar"
"Mal Guará"
( E conta em detalhes a história. Cinco minutos depois, até o porteiro do prédio do outro lado da rua ja tava sabendo disso)
"Acharam isso engraçado? Pior é a história de quando o mecânico..."
"CALA A BOCA, ADAMASTOR!"
Esse caso do gay foi traumático. Quem já passou pela situação sabe, mas gostaria de ser ignorante no assunto. Não tenho nada contra gays. Mas ainda acho que duas varetas não encaixam, mas uma vareta e um buraco sim.
Como desgraça pouca é bobagem, eu tenho outro amigo confidente, o Juca. Esse é pior.
Ele tem mais problemas que eu. Muito mais.
E eu também sou o confidente dele. Não tem graça contar meus problemas para ele.
Não me sinto descarregado. Porque depois ele me conta os dele.
Aí eu sinto que meus problemas são tão comuns e bobos, que nem foram relevantes para a pessoa. É um sentimento egoísta e aproveitador, mas todos nós esperamos que a pessoa sofra um pouco e absorva um pouco das nossas dores. Mas a dor que meus problemas devem causar nele são tão fortes como tomar um comprimido.
Cena 2 - intervalo de aula:
(aproveitando o segredo ja revelado na cena anterior...)
"É isso, Juca. O maldito gay resolveu dar em cima de mim."
"Que péssimo, Guará. Mas eu precisava falar mesmo com você"
"Pode falar, cara."
"É que eu to preucupado com meu irmão. Ele ta saindo todo fim de semana, a gnt mal tem se visto e outro dia ele pediu pra morar sozinho."
"Nossa, mas você sabe porque ele ta insatisfeito?"
"Não sei. Como meu pai ta morando na Nicaragua com minha madrasta quase quebrados e minha mãe ta visitando o narcóticos anônimos para perder o vício, não sei como avaliar a situação. Além disso to precisando de dinheiro, nada que um amigo possa emprestar, preciso de uma renda fixa. Outro dia acabou (lista de coisas de supermercado) e eu não pude comprar."
"Que mal, cara. A vida tá dura com a gente..."
"Somos dois azarados mesmo né?"
"Pois é."
O melhor confidente que você pode ter é um diário num PC. Não tem falhas humans, tem código de acesso, acha milhões de soluções de problemas pessoais, não tem problemas e está disponível 24h por dia .
Uma maravilha tecnólogica.
Estou com medo das pessoas.
Uma pessoa sempre tem alguns amigos especiais, daqueles que você conta seus segredos e podres (e geralmente espera ouvir os do amigo em retorno, só como garantia...) e espera ouvir conselhos, mesmo que sejam inúteis e óbvios, como são 98,7% das vezes!
Eu tenho 2. Tinha 3, mas uma amiga minha resolveu se esconder no mato, mas isso é história para outro dia.
Eles são humanos (eu acho, mas as vezes eu fico em dúvida) e têm defeitos. Mas lógico que os MEUS são escolhidos a dedo para terem defeitos mais absurdos para um confidente.
Um deles, o Adamastor, tem a mania de esquecer e misturar o que é segredo e o que é público. Especialmente quando está bêbado. Como ele é um rapaz, digamos, boêmio, isso pode ser um problema.
Cena 1 - Bar:
(outro amigo meu terminando uma história)
"... ai ela me deu um fora só porque eu demorei a avançar"
(Adamastor ri e começa)
"Você se saiu bem cara, uma mina deu fora no Guará porque um gay tava dando em cima dele na balada e ela achou que ele fosse gay também"
(Galera ri assustadoramente, eu dô uma risada forçada)
"Pô Adamastor, não era pra espalhar"
"Mal Guará"
( E conta em detalhes a história. Cinco minutos depois, até o porteiro do prédio do outro lado da rua ja tava sabendo disso)
"Acharam isso engraçado? Pior é a história de quando o mecânico..."
"CALA A BOCA, ADAMASTOR!"
Esse caso do gay foi traumático. Quem já passou pela situação sabe, mas gostaria de ser ignorante no assunto. Não tenho nada contra gays. Mas ainda acho que duas varetas não encaixam, mas uma vareta e um buraco sim.
Como desgraça pouca é bobagem, eu tenho outro amigo confidente, o Juca. Esse é pior.
Ele tem mais problemas que eu. Muito mais.
E eu também sou o confidente dele. Não tem graça contar meus problemas para ele.
Não me sinto descarregado. Porque depois ele me conta os dele.
Aí eu sinto que meus problemas são tão comuns e bobos, que nem foram relevantes para a pessoa. É um sentimento egoísta e aproveitador, mas todos nós esperamos que a pessoa sofra um pouco e absorva um pouco das nossas dores. Mas a dor que meus problemas devem causar nele são tão fortes como tomar um comprimido.
Cena 2 - intervalo de aula:
(aproveitando o segredo ja revelado na cena anterior...)
"É isso, Juca. O maldito gay resolveu dar em cima de mim."
"Que péssimo, Guará. Mas eu precisava falar mesmo com você"
"Pode falar, cara."
"É que eu to preucupado com meu irmão. Ele ta saindo todo fim de semana, a gnt mal tem se visto e outro dia ele pediu pra morar sozinho."
"Nossa, mas você sabe porque ele ta insatisfeito?"
"Não sei. Como meu pai ta morando na Nicaragua com minha madrasta quase quebrados e minha mãe ta visitando o narcóticos anônimos para perder o vício, não sei como avaliar a situação. Além disso to precisando de dinheiro, nada que um amigo possa emprestar, preciso de uma renda fixa. Outro dia acabou (lista de coisas de supermercado) e eu não pude comprar."
"Que mal, cara. A vida tá dura com a gente..."
"Somos dois azarados mesmo né?"
"Pois é."
O melhor confidente que você pode ter é um diário num PC. Não tem falhas humans, tem código de acesso, acha milhões de soluções de problemas pessoais, não tem problemas e está disponível 24h por dia .
Uma maravilha tecnólogica.
Estou com medo das pessoas.
sexta-feira, setembro 01, 2006
Os dois problemas do serviço público no Brasil.
Tempo de eleição, todo mundo esta falando dos serviços públicos.
Já faz dois anos que eu identifiquei os dois grandes problemas do serviço público.
Momento flashback, eu adoro essas coisas. Me sinto 20 anos mais velho, sentindo falta dos "bons tempos".
Só eu sou doentio o suficiente pra se se sentir bem quando se imagina mais velho...
Poupa-tempo Sé. 2004. Eu precisava tirar segunda via do meu RG. Minha copia antiga tinha só uns 13 anos, parecia uma folha da bíblia de Gutenberg original (o primeiro livro impresso).
Enfim, de acordo com o site da prefeitura, eu faria todos os procedimentos para tirar o RG em no máximo 2 horas e voltaria para buscar meu RG em 5 dias uteís depois.
Dez horas da manhã eu estava lá, sentado, esperando para ser atendido, senha na mão e, é claro, com o prazer de estar a menos de 3 metros da atendente. Ouvindo as pérolas do povo mais culto de São Paulo.
"Mas não da pra fazer sem foto? Ninguém me avisa."
"Não senhora, o RG precisa de uma foto atual"
(...)
"Ok senhora, assine aqui"
"É pra assinar meu nome?"
"Sim, senhora"
("Não senhora, crie uma assinatura falsa, aproveite e passe no nosso guichê de vendas de digitais adulteradas e leve o nosso pacote 'Falsidade ideológica' por apenas R$9,75!!!!" Pensei em falar isso, mas tive medo de ser expulso de lá. Não era minha intenção depois de 3 horas esperando.)
"Pronto querida, ta assinado"
"Desculpe senhora, mas aí era para colocar a cidade e a data de hoje. Espera cinco minutos que eu preparo um documento novo"
Chegamos à minha primeira conclusão sobre o serviço público no brasil:
O maior problema do serviço público no Brasil é o público.
Mais umas 2 horas de espera e eu fui atendido, finalmente, após 5 horas.
"Senhor, por favor, uma foto, sua certidão de nascimento, título de eleitor e seu RG antigo caso o tenha"
"Ok, ta aqui"
"Espere cinco minutinhos enquanto eu termino a parte burocrática."
Pausa: Alguém ja viu a burocracia durar cinco minutos? Pra renovar uma carteira de biblioteca leva 2 dias!!
Outra: Porque "cinco minutinhos" é sinônimo de rapidez? As pessoas falam até "Espera cinco minutinhos enquanto eu lavo as mãos!" Putz, você passa 5 MINUTOS lavando as mãos!! Ou pior "Espera que eu preparo o almoço em cinco minutinhos". Cinco minutos você faz um miojo e olhe lá. É capaz de ficar meio duro ainda.
Voltemos à história.
(meia hora depois)
"Pronto. Por favor, preencha estas três vias de formulário."
"Nossa! O que aconteceu com o 'termino a parte burocrática'?"
"Desculpa senhor, mas a minha parte está pronta. Agora é mais rápido."
(Leia a regra 4 do Conselho Inconstante)
"Pronto, aqui está."
"Agora, em cinco minutinhos você será chamado para colocar a sua digital"
(Meia hora depois)
"Senhor, coloque a digital de cada dedo na tinta, depois pressione aqui"
"Mas no RG não vai só o polegar?"
"Mas nós temos que ter o registro de todos"
"Faz sentido, se alguém cometer um assassinato e vocês pegarem a digital do cara, é só mandar meia dúzia de estagiários compararem 10 milhões de digitais até acharem uma que bate. Genial."
"Desculpe senhor."
"Se eu ganhasse um real cada vez que eu ouvi isso hoje..."
Sai de lá depois de quase 7 horas. Com o papel pra buscar meu RG que, claro, só ficou pronto 15 dias uteís depois.
Chegamos à minha segunda conclusão sobre o serviço público.
O segundo maior problema do serviço público no Brasil é o serviço.
Meu novo RG tem que durar tempo suficiente para eu mostrar ele para meus netos.
Junto com esse blog.
Já faz dois anos que eu identifiquei os dois grandes problemas do serviço público.
Momento flashback, eu adoro essas coisas. Me sinto 20 anos mais velho, sentindo falta dos "bons tempos".
Só eu sou doentio o suficiente pra se se sentir bem quando se imagina mais velho...
Poupa-tempo Sé. 2004. Eu precisava tirar segunda via do meu RG. Minha copia antiga tinha só uns 13 anos, parecia uma folha da bíblia de Gutenberg original (o primeiro livro impresso).
Enfim, de acordo com o site da prefeitura, eu faria todos os procedimentos para tirar o RG em no máximo 2 horas e voltaria para buscar meu RG em 5 dias uteís depois.
Dez horas da manhã eu estava lá, sentado, esperando para ser atendido, senha na mão e, é claro, com o prazer de estar a menos de 3 metros da atendente. Ouvindo as pérolas do povo mais culto de São Paulo.
"Mas não da pra fazer sem foto? Ninguém me avisa."
"Não senhora, o RG precisa de uma foto atual"
(...)
"Ok senhora, assine aqui"
"É pra assinar meu nome?"
"Sim, senhora"
("Não senhora, crie uma assinatura falsa, aproveite e passe no nosso guichê de vendas de digitais adulteradas e leve o nosso pacote 'Falsidade ideológica' por apenas R$9,75!!!!" Pensei em falar isso, mas tive medo de ser expulso de lá. Não era minha intenção depois de 3 horas esperando.)
"Pronto querida, ta assinado"
"Desculpe senhora, mas aí era para colocar a cidade e a data de hoje. Espera cinco minutos que eu preparo um documento novo"
Chegamos à minha primeira conclusão sobre o serviço público no brasil:
O maior problema do serviço público no Brasil é o público.
Mais umas 2 horas de espera e eu fui atendido, finalmente, após 5 horas.
"Senhor, por favor, uma foto, sua certidão de nascimento, título de eleitor e seu RG antigo caso o tenha"
"Ok, ta aqui"
"Espere cinco minutinhos enquanto eu termino a parte burocrática."
Pausa: Alguém ja viu a burocracia durar cinco minutos? Pra renovar uma carteira de biblioteca leva 2 dias!!
Outra: Porque "cinco minutinhos" é sinônimo de rapidez? As pessoas falam até "Espera cinco minutinhos enquanto eu lavo as mãos!" Putz, você passa 5 MINUTOS lavando as mãos!! Ou pior "Espera que eu preparo o almoço em cinco minutinhos". Cinco minutos você faz um miojo e olhe lá. É capaz de ficar meio duro ainda.
Voltemos à história.
(meia hora depois)
"Pronto. Por favor, preencha estas três vias de formulário."
"Nossa! O que aconteceu com o 'termino a parte burocrática'?"
"Desculpa senhor, mas a minha parte está pronta. Agora é mais rápido."
(Leia a regra 4 do Conselho Inconstante)
"Pronto, aqui está."
"Agora, em cinco minutinhos você será chamado para colocar a sua digital"
(Meia hora depois)
"Senhor, coloque a digital de cada dedo na tinta, depois pressione aqui"
"Mas no RG não vai só o polegar?"
"Mas nós temos que ter o registro de todos"
"Faz sentido, se alguém cometer um assassinato e vocês pegarem a digital do cara, é só mandar meia dúzia de estagiários compararem 10 milhões de digitais até acharem uma que bate. Genial."
"Desculpe senhor."
"Se eu ganhasse um real cada vez que eu ouvi isso hoje..."
Sai de lá depois de quase 7 horas. Com o papel pra buscar meu RG que, claro, só ficou pronto 15 dias uteís depois.
Chegamos à minha segunda conclusão sobre o serviço público.
O segundo maior problema do serviço público no Brasil é o serviço.
Meu novo RG tem que durar tempo suficiente para eu mostrar ele para meus netos.
Junto com esse blog.
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