segunda-feira, setembro 04, 2006

Dê 1 real. Dê 5 reais. Dê 20 reais! Mas não dê intimidade...

(Para manter a minha integridade física, não citarei nomes verdadeiros neste post. Também mudei um pouco os problemas do confidente 2)

Uma pessoa sempre tem alguns amigos especiais, daqueles que você conta seus segredos e podres (e geralmente espera ouvir os do amigo em retorno, só como garantia...) e espera ouvir conselhos, mesmo que sejam inúteis e óbvios, como são 98,7% das vezes!
Eu tenho 2. Tinha 3, mas uma amiga minha resolveu se esconder no mato, mas isso é história para outro dia.
Eles são humanos (eu acho, mas as vezes eu fico em dúvida) e têm defeitos. Mas lógico que os MEUS são escolhidos a dedo para terem defeitos mais absurdos para um confidente.

Um deles, o Adamastor, tem a mania de esquecer e misturar o que é segredo e o que é público. Especialmente quando está bêbado. Como ele é um rapaz, digamos, boêmio, isso pode ser um problema.

Cena 1 - Bar:

(outro amigo meu terminando uma história)
"... ai ela me deu um fora só porque eu demorei a avançar"
(Adamastor ri e começa)
"Você se saiu bem cara, uma mina deu fora no Guará porque um gay tava dando em cima dele na balada e ela achou que ele fosse gay também"
(Galera ri assustadoramente, eu dô uma risada forçada)
"Pô Adamastor, não era pra espalhar"
"Mal Guará"
( E conta em detalhes a história. Cinco minutos depois, até o porteiro do prédio do outro lado da rua ja tava sabendo disso)
"Acharam isso engraçado? Pior é a história de quando o mecânico..."
"CALA A BOCA, ADAMASTOR!"

Esse caso do gay foi traumático. Quem já passou pela situação sabe, mas gostaria de ser ignorante no assunto. Não tenho nada contra gays. Mas ainda acho que duas varetas não encaixam, mas uma vareta e um buraco sim.


Como desgraça pouca é bobagem, eu tenho outro amigo confidente, o Juca. Esse é pior.
Ele tem mais problemas que eu. Muito mais.
E eu também sou o confidente dele. Não tem graça contar meus problemas para ele.
Não me sinto descarregado. Porque depois ele me conta os dele.
Aí eu sinto que meus problemas são tão comuns e bobos, que nem foram relevantes para a pessoa. É um sentimento egoísta e aproveitador, mas todos nós esperamos que a pessoa sofra um pouco e absorva um pouco das nossas dores. Mas a dor que meus problemas devem causar nele são tão fortes como tomar um comprimido.

Cena 2 - intervalo de aula:

(aproveitando o segredo ja revelado na cena anterior...)
"É isso, Juca. O maldito gay resolveu dar em cima de mim."
"Que péssimo, Guará. Mas eu precisava falar mesmo com você"
"Pode falar, cara."
"É que eu to preucupado com meu irmão. Ele ta saindo todo fim de semana, a gnt mal tem se visto e outro dia ele pediu pra morar sozinho."
"Nossa, mas você sabe porque ele ta insatisfeito?"
"Não sei. Como meu pai ta morando na Nicaragua com minha madrasta quase quebrados e minha mãe ta visitando o narcóticos anônimos para perder o vício, não sei como avaliar a situação. Além disso to precisando de dinheiro, nada que um amigo possa emprestar, preciso de uma renda fixa. Outro dia acabou (lista de coisas de supermercado) e eu não pude comprar."
"Que mal, cara. A vida tá dura com a gente..."
"Somos dois azarados mesmo né?"
"Pois é."

O melhor confidente que você pode ter é um diário num PC. Não tem falhas humans, tem código de acesso, acha milhões de soluções de problemas pessoais, não tem problemas e está disponível 24h por dia .
Uma maravilha tecnólogica.

Estou com medo das pessoas.

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